A noite anunciava sua chegada mudando os tons do céu em mesclas de azul, laranja e escuridão.
Depois de um dia no parquinho, pega-pega, cada macaco no seu galho, esconde-esconde, amarelinha.
Agora um fim de tarde comum para uma criança brincando em casa com o videogame.
A tv finda, a tela escura se une às luzes apagadas da sala, só tu e ela em casa.
Pai e mãe fora de casa trabalham, ambos almejam dias melhores no lar.
Louça limpa, ambiente desempoeirado, tudo engomado, apenas o guri banho não tomou.
O rosto lhe falta na memória, era alta e tinha curvas como toda mulher adulta.
Ela senta ao teu lado, lembrança vaga de uma conversa esquecida.
Seu corpo quente, seu afago suave, lugar de aconchego passa confiança.
Entre ela e o sofá você, quando foi que tu deitaste?
Sua mão então inicia um movimento inusitado, desconhecido, misterioso.
O toque em teu eu privado, em seguida o tecido não evita mais o toque na carne.
Outra mão na tua mão agora uma guia, movimenta-te em direção ao eu privado dela.
Teu toque no jeans, respiração abafada, silêncio, confusão.
Uma pausa súbita, o sofá da sala escura trocado pela luz amarela do banheiro.
O ar agora toca teu corpo, momento que antecede a água.
Momento eterno, quanto tempo tu te manténs nu ali?
Ela faz que vem junto, não vem mais, despacha-te ao banho.
A porta cerra, mas não a mente, não a confusão, não o trauma.