Leituras recomendadas: Políticas do Design

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Pode ser fácil não nos darmos conta do tanto que as produções humanas influenciam toda a sociedade ao seu redor e até ao redor do mundo todo, mesmo quando criadas em um povoado minúsculo no meio de uma ilha remota.

Em todas as partes do mundo a política tem sido importante já tem alguns séculos, e mesmo antes do surgimento da política moderna, mais parecida com o que conhecemos na história recente pode se dizer que humanos já faziam uso de conceitos de organização e tomadas de decisão em grupos.

É possível que pensemos que a política existe em um jardim flutuante sendo afetada somente por disciplinas similares mas nunca por qualquer outra.

Já estive pessoalmente nessa área, no entanto, minha jornada na política tem aberto novos horizontes, e mais uma vez recebi uma surpresa muito incrível com a indicação do livro Políticas do design[1][2] feita por um grande amigo designer.

Capa do livro lançado pela Ubu Editora no Brasil

Capa do livro lançado pela Ubu Editora no Brasil [1]

O livro de Ruben Pater traz um conjunto de informações curtas e diretas que demonstram como o design afetou, afeta e poderá continuar afetando a sociedade.

Tipografia, cor, contraste, leituras de imagens, gráficos, roubos culturais e outros itens, tem exemplos diretos no mundo real.

Um exemplo muito interessante é de nomes de modelos de carro, como o Laputa da Mazda, que em espanhol, e mesmo em português, tem sentido de tradução para “a puta”. Ou ainda o Pajero da Mistubishi, cujo nome precisou ser alterado para Montero em países de lingua espanhola pois significa “masturbador” ou “punheteiro”. Um impacto negativo bem claro para modelos de carros.

Essa citação fala de impactos apenas em marcas de empresas privadas, mas outros tipos de impactos são muito mais profundos e danosos. A polêmica da relação cor e gênero, meninos vestem “insira uma cor aqui” e meninas “insira uma outra cor aqui” é uma briga antiga sempre manipulada pelo poder vigente.

Antes de dar spoilers do livro inteiro, fica aqui uma última citação, o caso da Taylor Swift, que intitulou um disco e turnê de T.S. 1989 que por acaso também pode ser interpretado como Tiananmen Square 1989, o ano de um massacre durante um protesto de estudantes em Beijing nessa localidade. Pode parecer banal, mas os impactos gerados por um erro tão “trivial” podem ser muito mais complexos do que uma nota de errata consiga resolver.

O livro não é só felicidade e infelizmente deixa uma sensação de falta com relação a profundidade pois traz muitos capítulos e informações diversas e são demasiados os momentos onde o conteúdo parece cortado antes mesmo de começar. Ainda assim é uma leitura que recomendo como absolutamente necessária por sua qualidade e capacidade de apresentar novos horizontes de interações que já ocorreram e ainda irão ocorrer entre o design e a política.

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Foto da capa Fabio Santaniello Bruun - Unsplash

Referências

[1] Livro Políticas do design: Um guia (não tão) global de comunicação visual. Por Ruben Pater publicado no Brasil pela Ubu Editora em 2020.

[2] Site do livro Políticas do design — http://thepoliticsofdesign.com/about-the-book — acessado pela última vez em 22 de abril de 2020 às 16:40.