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Quem você pensa que é?

Todo esse peso maldito em cima dos meus ombros.

De novo, e de novo, e de novo.

Quem você pensa que é?

Sou uma piada pra você?

Toda essa raiva dentro de mim, toda essa mágoa.

O luto que vivi, as perdas que sofri.

Eu pedi, eu implorei, toda minha fragilidade de nada adiantou.

O fundo do poço parece não existir, você removeu, e a escada levou.

Quem você pensa que é?

Porque acha que tem direito de achar que me ama?

Não enxerga seus erros, nos pune por suas escolhas.

Usados, sucateados, largados às traças colhendo seus destroços.

Quem você pensa que é?

Levou-me a loucura, levou-me embora de mim mesmo, agora atira-me num vórtice.

Quem você pensa que é?

O que você acha que tem feito?

Faz idéia do tamanho dos buracos? Abertos aos montes por granadas de problemas que não pedimos.

Irresponsável, imaturo, depressivo, mentiroso, não há adjetivos o sufiente.

Achei que deveria te salvar, mas e quem salva aqueles que salvam?

Quem cuida daqueles que se despedaçam para cuidar?

Enquanto você se mata lentamente, me arrasta na lama contigo centímetro por centímetro.

Eu não sou você mas repito seus padrões, eu me mato lentamente.

Sofro sem conseguir me libertar.

Eu não sinto muito mas você perdeu seu direito de retribuição de amor.

Eu chorei sua perda, eu não sei quem é você, mas não é a pessoa que eu amava.

Todo mundo muda, e quando não muda o mundo muda ao seu redor, com você não é diferente.

Eu mudei, eu cansei, de um desgraçado depressivo para outro desgraçado depressivo, ambos auto destrutivos.

Eu não te odeio, mas eu não te amo mais. Só o que sobra é meu comportamento automático.

Porque tento ajudar? Talvez fosse meu ego, talvez fosee uma esga de esperança.

Infelizmente é só uma herança maldita, a de achar que tenho que resolver tudo para que outros não tenham que lidar com isso.

Estou farto, e mesmo assim não tenho escolhas.

Quem você pensa que é?

Quem você é?

Quem você seria se decidisse tomar conta de si?

Eu já não ligo, ou não quero me importar, não faz diferença.

A morte da alma agora aguarda a morte do ser, um luto de alívo, uma eternidade ou um suspiro, que chegue, quanto antes melhor.

Se existe um adeus unilateral, é assim que imagino, a verborragia de um no silêncio do outro.